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MONUMENTOS ABANDONADOS EM SALVADOR
MONUMENTOS ABANDONADOS EM SALVADOR

Qua , 22/08/2012 às 22:59 | Atualizado em: 22/08/2012 às 23:04

Monumentos históricos estão abandonados em Salvador

  • Marco Aurélio Martins | Agência A TARDE

    A escultura Metamorfose, de Calazans Neto, está se deteriorando na subida para o Abaeté, em Itapuã

Salvador  possui 171 monumentos, entre bustos, fontes e estátuas. Muitos encontram-se depredados, devido a ações de vandalismo, tais como pichações e quebra das peças que compõem a estrutura. A reportagem visitou sete desses monumentos distribuídos por áreas diferentes da cidade e constatou vários problemas de conservação.

Na Praça da Piedade,  moradores de rua já  transformaram em varal o gradil  que cerca a praça e é obra de Carybé. Já à primeira vista a praça apresenta sinais de abandono com os bancos de granito quebrados. Alguns foram furtados. A fonte já não funciona mais e a fiação elétrica está exposta.

Outro monumento que foi depredado por  vândalos é o que homenageia o Barão do Rio Branco, nas imediações do Relógio de São Pedro. Do local  foi roubado um gradil. "Estou aqui há mais de dois anos e nunca vi fazerem qualquer intervenção", conta o ambulante Wilson Pereira, 60 anos.

Símbolo da união entre raças, a Escultura da Mão, na Praça Tiradentes, Comércio, é outro monumento que foi alvo das ações de vandalismo e da falta de manutenção. Há papéis colados e pichações. As mãos de cor dourada estão quase sem pintura. A base do monumento está totalmente enferrujada, ao ponto de as placas de fibra de vidro que a contornam já apresentarem descolamento. Há oito anos vendendo acarajé na praça, Mônica Conceição lamenta o abandono. "A estátua era muito bonita",  opina Conceição.

A professora de história da arte da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Neila Maciel, que em 2010 realizou uma pesquisa sobre o estado de monumentos da cidade critica a falta de manutenção. "Quanto mais tempo sem limpar, a sujeira impregnada nas obras corrói o material ", explica.

Fiscalização - De acordo com a Fundação Gregório de Mattos (FGM), de 2005 a 2010 os atos de vandalismo danificaram ou extraviaram 5,8% dos monumentos que são chamados de sítios históricos. Os dados são de 2010 e, segundo a assessoria da FGM, ainda não foram atualizados.

A FGM, órgão da Prefeitura de Salvador, tem a responsabilidade de coordenar a vistoria e manutenção destes locais.  Segundo o gerente de sítios históricos do órgão, Marco Antônio Rocha, são realizadas vistorias periódicas por um equipe técnica composta por engenheiros e arquitetos que identificam as necessidades de manutenção.

A depender do reparo é solicitado o serviço aos outros órgãos municipais,  como a Superintendência de Conservação e Obras Públicas do Salvador (Sucop),  Companhia de Desenvolvimento Urbano de Salvador (Desal),  Secretaria Municipal de Serviços Públicos e Prevenção à Violência (Sesp) e Empresa de Limpeza Urbana do Salvador (Limpurb).

Segundo a assessoria de comunicação da Limpurb, o órgão só é responsável por varrer a área externa dos monumentos (calçadas), mas os agentes não têm como entrar para além do gradil, pois poderiam danificar a grade. 

O gerente de sítios históricos da FGM contra-argumenta que, nestes casos, um funcionário da empresa de limpeza deve ir até a sede da fundação pegar as chaves. Mas o que se vê, no entorno de monumentos, é lixo acumulado.

Ronda - A responsabilidade pela vigilância destes locais é da Guarda Municipal. O gerente de operações da guarnição, Carlos Damasceno, explica que são realizadas rondas e que os guardas em pontos específicos reforçam a segurança. Entretanto, não foram encontradas equipes da guarnição próximas aos monumentos. Ele reforça que ao serem acionados pela população ou autoridades municipais suas equipes intervem. "Se houver a prática do ilícito, o guarda irá autuar e conduzir a autoridade competente". 

Sucop garante, em nota, fazer reparos em sítios históricos

A Sucop, em nota, informou que realizará vistorias nos monumentos citados pela reportagem para identificar os reparos necessários e realizá-los. A respeito da falta de restauração destes monumentos, o gerente de sítios da FGM, Marco Antônio Rocha, afirma que a dificuldade para agilizar a reparação é que a degradação ocorre  muito rapidamente. “Não temos equipes próprias para  fazer  o trabalho completo: vistoria, fiscalização e execução dos reparos”, completa.

De acordo com Rocha, não existe orçamento próprio para reparar os monumentos. Diz  que ao diagnosticar as necessidades é solicitada à Secretaria da Fazenda do município uma dotação de verba. Ele acrescenta que a FGM está procurando fechar parcerias com instituições privadas, através de um programa que adota a política de adoção de monumentos.

As outras autarquias municipais também não souberam estimar os gastos por conta de manutenção e reparações dos monumentos.

Para denúncias, o cidadão deve ligar para  (71) 3183 8300 – Guarda Municipal – ou 156 – Central de Urgência da Prefeitura Municipal.